Bem, por enquanto, a produção do livro está restrita às leituras. E são muitas, inúmeras. Parece que não é só o Rio que canta Chico. O mundo inteiro fala dele. A cada dia, descubro mais um livro, mais uma publicação, um outro autor, uma nova referência, um novo detalhe.
Em 'Para seguir minha jornada', por exemplo, descobri a paixão, desde cedo, que Chico cultivava por cidades. Quando pequeno, desenhada cidades imaginárias em pedaços do papel que enrolava a roupa vinda da lavanderia. Depois,
'ajudou a traçar a casa onde morou na Gávea (sim, Chico já morou na Gávea, embora hoje more no Leblon. E ambos os bairros fazem parte do roteiro do livro)
e outra que construiu em Petrópolis e, não faz muito tempo, foi escolhido patrono de formatura de uma turma de arquitetura da Universidade Federal Fluminense'. A cidade que desenhava, quando criança, era feminina e se chamava Rosália. Hoje, a cidade que ele desenha em suas músicas, chama-se Rio de Janeiro. Desenha e desdesenha, com toda sua poesia.
Crédito: Google
Cidade imaginária desenhada por Chico Buarque
Em um de seus DVDs, intitulado 'Meu caro amigo', ouvi Chico falando o quanto o Rio é uma fonte de poesia para todos os compositores que resolveram narrá-la. Embora não se considere um carioca da gema, - ele se mudou para São Paulo quando tinha apenas 2 anos de idade -, narra o carioca como ninguém, da zona sul à zona norte.
Em 'Folha explica Chico Buarque', li a matéria que Carlos Drummond de Andrade publicou no Correio da Manhã, em 1966, em referência à
'Banda'. Não sou das fãs mais fervorosas dessa música - embora compreenda a importância que ela teve na época em que foi criada -, e dessa vez tirei mais o chapéu para Drummond que para o próprio Chico.
'Se uma banda sozinha faz a cidade toda se enfeitar e provoca até o aparecimento da lua cheia no céu confuso e soturno, crivado de signos ameaçadores, é porque há uma beleza generosa e solidária na banda, há uma indicação clara para todos os que têm responsabilidade de mandar e os que são mandados, os que estão contando dinheiro e os que não o têm para contar e muito menos para gastar, os espertos e os zangados, os vingadores e os ressentidos, os ambiciosos e todos, mas todos os etcéteras que eu poderia alinhar aqui se dispusesse da página inteira. Coisas de amor são finezas que se oferecem a qualquer um que saiba cultivá-las, distribuí-las, começando por querer que elas floresçam. E não se limitam ao jardinzinho particular de afetos que cobre a área de nossa vida particular: abrange terreno infinito, nas relações humanas, no país como entidade social carente de amor, no universo-mundo onde a voz do Papa soa como uma trompa longínqua, chamando o velho fraco, a mocinha feia, o homem sério, o faroleiro... todos que viram a banda passar, e por uns minutos se sentiram melhores. E se o que era doce acabou, depois que a banda passou, que venha outra banda, Chico, e que nunca uma banda como essa deixe de musicalizar a alma da gente.', disse. (Veja
aqui a matéria completa)
Tenho descoberto muito sobre Chico e sei que ainda tem muito mais a ser desvendado. Tenho me desesperado, chorado e gritado. Descobri que isso acontece, que é normal o medo da página em branco, a pressão do trabalho final - pior, do prazo final. Mas descobri muita gente disposta a ajudar, também. Vi, numa quarta-feira, a banda passando, e me enchendo de alegria. Vi Anne me mandando, por email, um saquinho cheio de esperança, com a possibilidade de conseguir marcar uma entrevista com o próprio Chico. Vi Matheus sendo mais que um namorado, sendo um amigo, companheiro e, mais que isso, uma bússola. Vi Thiago me dando doses diárias de alegria, dizendo-se empolgado com o trabalho. Vi mamãe sendo mais que mãe, sendo amiga, e mais que amiga, sendo mãe. E me vi começando a fazer os agradecimentos, sem nem ter começado a escrever o livro.
Melhor: descobri que Chico passou 15 anos para finalizar uma música de Dominguinhos.Posso alegar ter me identificado com o objeto de estudo. Hahahah, brincadeirinha.
Próximos passos: definir a divisão dos capítulos, modificar o layout do blog, encontrar um livro sobre a história do Rio de Janeiro (alguém indica um?) e terminar as leituras sobre Chico.