terça-feira, 19 de junho de 2012

Lua Cheia

Hoje, para quem não sabe, é o aniversário de Chico!
Nascido em 19 de junho de 1944, ele completa 68 anos. Não podia deixar de desejar os parabéns.

Que ele continue nos encantando a cada dia! Que continue compondo preces com melodia, que continue espantando a guerra, a ditadura e as prisões soprando o amor. Que saiba expressar não só a alma feminina, mas todo os gritos e ânsias da sociedade.

Que A Banda hoje saia para as ruas, cantando um sonoro "parabéns".  =)



Parabéns, Chico!

quarta-feira, 13 de junho de 2012

"Cidade Maravilhosa, és minha!"

É com muita alegria que eu vos digo: a tarde ontem foi de muito (mas muito, MESMO) alívio, satisfação e sensação de dever cumprido!

"O Rio de Janeiro de Chico Buarque" está (quase) pronto!



Quase porque, na verdade, ainda faltam as correções dos (co)orientadores, e depois disso, eu, com certeza, ainda vou reler, e reler novamente - e, se der, só mais uma vez.

 (Algo me diz que daqui para quando ele for, finalmente, para a gráfica, eu vou acabar decorando todo o texto)

Mas o que importa é que, gente, ontem eu escrevi a ÚLTIMA linha! O fim do fim! O fim da terceira (ou quarta - ainda a decidir) parte, o fim do último capítulo, o fim do livro! Sério, a sensação é muito boa!

Claro, ainda falta o relatório. Mas, tendo em vista que eu já tenho o relatório do Expocom pronto, ele não vai dar muito trabalho. Só acrescentar algumas coisinhas e, pronto: acabou.

Falando em Expocom, a noite hoje está reservada à finalização dos slides para a apresentação de "O Rio de Chico Buarque" (é, faltou o 'de Janeiro'! ops!) no sábado, às 10h30.

 Pelo que pude ver no ensalamento do Expocom, parece que "O Rio de Chico Buarque" está concorrendo com os trabalhos intitulados "Meu querido, meu velho..." (da Universidade Federal do Rio Grande do Norte) e "Crônica: sem salto" (da Universidade Potiguar). Só que, diferente dos anos anteriores, esse ano não haverá o júri presencial.  Ou seja, eles já sabem qual é o trabalho vencedor! A apresentação ( Deus sabe o quanto eu detesto apresentar qualquer coisa) vai ter caráter unicamente eliminatório: quem não apresentar, estará automaticamente desclassificado.

Em resumo: minha felicidade ao descobrir que não haveria júri presencial foi rapidamente substituída por uma onda de apreensão, quando soube que teria, de qualquer forma, que apresentá-lo e... podem começar a torcer!

(De qualquer forma, ter passado na primeira fase já me deixou muito feliz!)

Aos que leram até aqui, como brinde, aqui vai o último parágrafo do livro:










Hahahah Claro que não!


Beijos! E obrigada por terem me acompanhado até aqui!
(Continuem acompanhando!)
Rafaela Gambarra


sexta-feira, 8 de junho de 2012

Imagina

Essa semana, em vias de finalizar a terceira (e última) parte de "O Rio de Janeiro de Chico Buarque", resolvi reler um dos livros que já havia lido sobre a vida de Chico. Assim, poderia lembrar de algum detalhe que ficou esquecido, acrescentar um ou outro elemento às páginas já escritas e, até mesmo, aguçar, na memória, os trechos de algumas músicas.

O escolhido para ser novamente degustado foi "Folha Explica: Chico Buarque". Uma publicação (obviamente) da Publifolha, escrita por Fernando de Barros e Silva.

Folha explica Chico Buarque
Crédito: Google

Nela, dei de cara, novamente, com Julinho Adelaide (citado no post anterior). Logo abaixo transcrevo o trecho (é engraçadíssimo, vale a pena ler!) para vocês.

Mas, antes, vou contar a ideia que tive:
No momento em que estava lendo as páginas sobre Julinho Adelaide, estava escrevendo, também, sobre um certo personagem que conheci nas avenidas do Rio. Como o livro (O Rio de Janeiro de Chico Buarque) se trata de uma obra de romance não-ficcional (ou New Journalism - expliquei melhor aqui), há uma certa mistura de fatos reais com criações do próprio autor. A ideia, a princípio, foi a de dar aos personagens do livro os nomes de alguns personagens já criados por Chico. Eu já vinha citando, em alguns momentos, nomes de mulheres que são narradas em suas músicas (Bárbara, Rita, Cecília), ou trechos dessas músicas, mas sem que elas fossem, propriamente, personagens da história. A idéia agora é trocar o nome dos personagens, que vinham sendo dados de forma aleatória por mim, pelos nomes dessas mulheres. Além disso, eu posso ainda descrevê-las de acordo com as músicas de Chico...
Imagine só, por exemplo, o tipo de mulher que vem a sua mente quando escuta "A Rita"?

Vou tentar fazer essas mudanças esse fim de semana! Espero que dê certo e que a ideia seja aprovada pelos orientadores! =)

A seguir, o trecho sobre Julinho Adelaide:

"Em setembro de 1974, Julinho ainda concedeu uma longa entrevista ao jornal Última Hora. Era um escárnio completo, coadjuvado pelo pai de Chico, o historidor Sérgio Buarque. Julinho dizia que evitava aparecer em público porque tinha uma cicatriz no rosto, atingido pelo famoso violão que Sérgio Ricardo atirou contra a platéia no 3º Festival da Record, em 67. Mais adiante, estocava Chico, dizendo que ele não sabia cantar, e logo depois completava: "Ele tá faturando em cima do meu nome e eu estou faturando em cima do nome dele. Acho que isso é normal. [...] Eu sou é pragmático".
Como Julinho não podia revelar seu rosto, a entrevista surgiu emoldurada por uma imensa foto de uma mulher negra e sorridente. A legenda a identificava como Adelaide de Oliveira, sua mãe, moradora da favela da Rocinha, amiga de Oscar Niemeyer e de Vinícius de Moraes. Era, na verdade, uma imagem que Sérgio Buarque pinçara de um de seus livros de história. Para completar o teatro, Chico ainda daria uma entrevista ao Jornal do Brasil, na qual respondia às provocações de Julinho".

(Folha Explica Chico Buaque, pág. 76)

Esse Chico...



sexta-feira, 1 de junho de 2012

Julinho Adelaide

Na década de 70, surgiu um novo nome na música brasileira: Julinho Adelaide. Vocês já ouviram falar dele? Querem saber o que ele tem a ver com Chico?


Crédito: Google

Ele é, na verdade, o próprio Chico. Para driblar os censores do regime militar, Chico passou a assinar suas músicas com o nome de um personagem fictício: Julinho Adelaide. Através dele, conseguiu driblar a censura em Acorda amor, Jorge Maravilha e Milagre brasileiro.

Veja abaixo depoimento de Mário Prata sobre "entrevista feita com Julinho Adelaide" (uma dica do prof. Carmélio Reynaldo):

Julinho de Adelaide, 24 anos depois
  Depoimento de Mário Prata

Eu me lembro até da cara do Samuel Wainer quando eu disse que estava pensando em entrevistar o Julinho da Adelaide para o jornal dele. Ia ser um furo. Julinho da Adelaide, até então, não havia dado nenhuma entrevista. Poucas pessoas tinham acesso a ele. Nenhuma foto. Pouco se sabia de Adelaide. Setembro de 74. A coisa tava preta.

- Ele topa?

- Quem, o Julinho?

- Não, o Chico.

O Chico já havia topado e marcado para aquela noite na casa dos pais dele, na rua Buri. Demorou muitos uísques e alguns tapas para começar. Quando eu achava que estava tudo pronto o Chico disse que ia dar uma deitadinha. Subiu. Voltou uma hora depois.

Lá em cima, na cama de solteiro que tinha sido dele, criou o que restava do personagem.

Quando desceu, não era mais o Chico. Era o Julinho. A mãe dele não era mais a dona Maria Amélia que balançava o gelo no copo de uísque. Adelaide era mais de balançar os quadris.

Julinho, ao contrário do Chico, não era tímido. Mas, como o criador, a criatura também bebia e fumava. Falava pelos cotovelos. Era metido a entender de tudo. Falou até de meningite nessa sua única entrevista a um jornalista brasileiro. Sim, diz a lenda que Julinho, depois, já no ostracismo, teria dado um depoimento ao brasilianista de Berkely, Matthew Shirts. Mas nunca ninguém teve acesso a esse material. Há também boatos que a Rádio Club de Uchôa, interior de São Paulo, teria uma gravação inédita. Adelaide, pouco antes de morrer, ainda criando palavras cruzadas para o Jornal do Brasil, afirmava que o único depoimento gravado do filho havia sido este, em setembro de 1974, na rua Buri, para o jornal Última Hora.

Como sempre, a casa estava cheia. De livros, de idéias, de amigos. Além do professor Sérgio Buarque de Hollanda e dona Maria Amélia, me lembro da Cristina (irmã do Julinho, digo, Chico) e do Homerinho, da Miucha e do capitão Melchiades, então no Jornal da Tarde. Tinha mais irmãos (do Chico). Tenho quase certeza que o Álvaro e o Sergito (meu companheiro de faculdade de Economia) também estavam.

Quem já ouviu a fita percebeu que o nível etílico foi subindo pergunta a resposta. O pai Sérgio, compenetrado e cordial, andava em volta da mesa folheando uma enorme enciclopédia. De repente, ele a coloca na minha frente, aberta. Era em alemão e tinha a foto de uma negra. Para não interromper a gravação, foi lacônico, apontando com o dedo:

- Adelaide.

Essa foto, de uma desconhecida africana, depois de alguns dias, estaria estampada na Última Hora com a legenda: arquivo SBH. Julinho não se deixaria fotografar. Tinha uma enorme e deselegante cicatriz muito mal explicada no rosto.

Naquelas duas horas e pouco que durou a entrevista e o porre, Chico inventava, a cada pergunta, na hora, facetas, passado e presente do Julinho. As informações jorravam. Foi ali que surgiu o irmão dele, o Leonel (nome do meu irmão), foi ali que descobrimos que a Adelaide tinha dado até para o Niemeyer, foi ali que descobrimos que o Julinho estava puto com o Chico:

- O Chico Buarque quer aparecer às minhas custas.

Para mim, o que ficou, depois de quase 25 anos, foi o privilégio de ver o Chico em um total e super empolgado momento de criação. Até então, o Julinho era apenas um pseudônimo pra driblar a censura. Ali, naquela sala, criou vida. Baixou o santo mesmo. Não tínhamos nem trinta anos, a idade confessa, na época, do Julinho.

Hoje, se vivo fosse, Julinho teria 55 anos. Infelizmente morreu. Vítima da ditadura que o criou.

Há quem diga porém que, como James Dean e Marilyn Monroe, Julinho estaria vivo, morando em Batatais, e teria sido ele o autor do último sucesso do Chico, A foto da capa. Sei não, o estilo é mesmo o do Julinho. O conteúdo então, nem se fala.

(Entrevista extraída do site do próprio Chico)